Para quem acha que o trabalho de artesão é fácil, já que pode ser feito em casa e a qualquer momento, a 2ª Feira de Artesanato de Arapoti mostrou justamente o contrário. Quem visitou o local no sábado (08 de agosto) pôde conferir os diversos produtos desenvolvidos, feitos em grande quantidade e com riqueza de detalhes. Com o objetivo de valorizar esses trabalhadores é que o Memorial Capão Bonito â?? Casa da Cultura tomou a iniciativa, até para que eles possam comercializar o que produzem de forma mais direta, fora das residências e da Casa do Artesão. Desta vez o ponto foi a Feira do Produtor, localizada ao lado da rodoviária. A ideia foi de aproveitar a estrutura do local que possui barracas em alvenaria e também a movimentação do público que chega à cidade, além dos próprios moradores.

Foram 35 artesãos trabalhando no sábado e a maioria deles nunca tinha participado de um evento parecido. A feira foi bastante diversificada com produtos para cama, mesa, banho, cozinha, além vestuário e acessórios femininos. Mas chamou a atenção de quem a visitou os trabalhos em madeira, que foram desde brinquedos como marionetes e carrinhos â?? hoje em dia esquecidos por conta dos meios de diversão eletrônicos â?? a móveis e miniaturas de monumentos. â??Nós queríamos mesmo a atenção do público. Temos vários artistas na cidade e de ótima qualidade. A vinda desses brinquedos, por exemplo, foi uma tentativa de resgate desta cultura, do consumo de um objeto que há muito tempo não se vê nas mãos das criançasâ?, diz a chefe da divisão de Cultura de arapoti, Valéria Gouveia.

De acordo com ela, a procura dos artesãos por um espaço na feira foi bastante grande. â??Nós não esperávamos tanta gente, superou a nossa expectativa. Já da para ver que é um projeto que deu certoâ?, comemora. Para ela, todos saem ganhando: o artista por vender o que produz em maior quantidade de uma só vez e o público por levar para casa belos trabalhos. â??Vale lembrar a parte gastronômica da nossa feira que também é muito procurada, tanto por quem produz, quanto por quem quer comprar. Sempre temos opções para quem comer no local ou levar para casaâ?.

Dona Nei Fátima Müller foi uma das artistas a participar pela primeira vez da feira. Se mostrou satisfeita com a oportunidade já que, com a renda extra, garante ajuda ao marido com as contas em casa. â??Esta é uma ótima oportunidade de as pessoas conhecerem nosso trabalho. Deu para vender bem e quero retornar nas próximas ediçõesâ?, declara ela que há dois anos faz cachecol e bolsas.

A preocupação em oferecer produtos orgânicos, livre de qualquer tipo de aditivo químico, veio da holandesa Silberdina Snepvangers. Em sua propriedade, ela cultiva inúmeras espécies frutíferas pelas quais fabrica geléias â?? fez inclusive cursos para trabalhar com matéria prima natural. Inicialmente, o alvo foram os familiares, mas com a aprovação do pessoal de casa ela resolveu começar a vender também. â??Comecei a comercializar há algum tempo. Depois parei e, agora, com a feira, resolvi retornar esta atividade. As pessoas merecem ter na mesa um produto de qualidade, livre de agrotóxicoâ?, disse. A maioria das compotas já haviam sido vendidas até o final da manhã. Eram de sabores como mexerica, framboesa e goiaba.

Mas dona Silberdina não parou nas geléias. Com muito bom humor e aproveitando a estação do ano e também a polêmica em torno da gripe suína, ela levou para a feira um chá contra a doença. â??Este chá previne contra todos os tipos de gripe. Quem estiver com algum sintoma pode tomar o chá que eu garanto, melhoraâ?, diz ela sorridente. Na infusão são encontrados ingredientes como cravo, gengibre, canela, capim limão e mel.

Casa do Artesão

Segundo Valéria Gouveia, a Casa do Artesão vai passar por reformas em breve. O objetivo é melhorar as instalações para que acomodem de uma melhor forma os produtos que lá são colocados à venda. â??Serão melhorias no piso e compra de armários fechados para proteger alguns objetos mais sensíveis. Abriremos também uma porta para o calçadão, já que o local passará a ficar aberto durante todo o dia e queremos mais visitantesâ?, adianta. Também será novidade na Casa a fabricação de peças de recordação da cidade para turistas, já que é algo bastante procurado por quem vem de fora.